quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Geraldo Vandré: De rei a trapo em 58 dias


Postado por: Náufrago da Utopia

"Ele foi um rei, e brincou com a sorte
Hoje ele é nada, e retrata a morte
Ele foi um rei, e brincou com a sorte
Hoje ele é nada, e retrata a morte

Ele passou por mim, mudo e entristecido
Eu quis gritar seu nome, não pude
Ele olhou pra parede, disse coisas lindas
Disse um poema pr'um poste, me veio lágrimas

O que fizeram com ele? Não sei
Só sei que esse trapo, esse homem foi um rei
O que fizeram com ele? Não sei
Só sei que esse trapo, esse homem foi um rei"
("Tributo A Um Rei Esquecido", Benito Di Paula)

Ainda sobre o enigma Geraldo Vandré, eis mais elementos para corroborar minha tese de que, a despeito de tudo que haja sofrido antes de deixar o País do AI-5, sua transformação de rei em trapo se deu na volta para o Brasil, quando a ditadura dele se apossou em 14/07/1973 e só o liberou em 11/09/1973, anunciando então sua chegada como se tivesse acabado de desembarcar.

Eis duas declarações de 2004, em entrevista que Vandré então concedeu a Ricardo Anísio, do Jornal do Norte:
"...eu voltei [do exílio] doente e meio perdido em meu país, quando justamente os militares me acolheram (!) e me deram tratamento médico (!!), e me alojaram (!!!)".

"... havia escrito a canção ["Fabiana"] porque sempre fui um apaixonado por aviões. Agora, a minha relação com as Forças Armadas hoje, é de muito respeito mútuo (!). Eles me tratam com dedicação (!!) e sabem das minhas questões existenciais (!!!)".


Na verdade, Vandré foi mas é internado numa clínica psiquiátrica e, em depoimento que li na internet, uma companheira que também estava lá relatou que ele se encontrava sob vigilância de agentes da ditadura, impedido de falar com os outros pacientes.

Há também referências a uma internação em 1974, numa clínica do bairro de Botafogo (RJ), depois de uma crise de nervos durante a qual teria ameaçado esfaquear a irmã.

Mas é a do ano anterior que realmente importa. Pode-se dizer que se constituiu num divisor de águas. Vandré era um antes e se tornou outro depois.

Vale citar o Timothy Leary, aquele mesmo do LSD, que foi também uma das mais respeitadas autoridades científicas no estudo das lavagens cerebrais:
"O trabalho de lavagem cerebral é relativamente simples, consistindo basicamente na troca de alguns circuitos robóticos por outros. Assim que a vítima passa a encarar o reprogramador como a criança encara seus pais - fornecedores de segurança vital e de apoio para o ego - qualquer nova ideologia pode ser inculcada no cérebro.

"Durante o estágio de vulnerabilidade, qualquer pessoa pode ser convertida a qualquer sistema de valores. Facilmente podemos ser induzidos a entoar 'Hare Krishna, Hare Krishna' como 'Jesus morreu por nós', ou a bradar 'abaixo o Vaticano', aceitando plenamente as ideologias que estão por trás desses temas".
Fragilizado por tudo que sofrera, incluindo problemas com drogas, Vandré pode muito bem ter, naqueles suspeitíssimos 58 dias, sido induzido a bradar "viva a FAB", retratando a morte.

Enquanto não soubermos no que realmente consistiu o tal tratamento médico proporcionado pelos militares quando acolheram e alojaram o Vandré, não poderemos, em sã consciência, descartar a hipótese de lavagem cerebral.

Com a palavra, os jornalistas investigativos e os historiadores

por Celso Lungaretti

Share/Bookmark

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Over the Rainbow - Israel Kamakawiwo'ole



Israel Ka‘ano‘i Kamakawiwo'ole (pronúncia IPA [kamakaʋiwoˈʔole]; Honolulu, 20 de Maio de 1959 - Honolulu, 26 de Junho de 1997) foi um cantor americano, muito popular no seu estado de nascimento, o Havaí. Kamakawiwo'ole, que usava também o nome "Braddah IZ", era famoso em sua terra natal não só pela música mas pelas suas raízes; era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos. Nunca ocultou a sua posição a favor da independência do Havai e de defesa dos direitos dos nativos.

Ao longo da sua carreira musical, Iz debateu-se com muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo chegando a pesar 343 kg, para um corpo com 1,88 m. Aos 38 anos, faleceu devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida.
Fonte: Wikipédia

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O nascimento de uma nação racista



Israel: um defeito de fabricação
O verdadeiro vencedor da II Guerra Mundial não foi a aliança de nações que combateu a Alemanha nazista, nem mesmo esses EUA robustecidos pela debilitação da Europa e muito menos, desde logo, os milhões de vítimas judias do nazismo: o verdadeiro vencedor da II Guerra Mundial foi o movimento sionista fundado por Theodor Herzl em 1897.

Por isso mesmo, o verdadeiro perdedor do conflito bélico não foi a Alemanha nem o Japão, nem a Itália, nem mesmo a essa URSS condenada a desaparecer 40 anos mais tarde: o verdadeiro perdedor, em conjunto com os milhões de vítimas do holocausto nazista, foi o povo palestino, radicalmente inocente e completamente alheio ao mesmo tempo ao anti-semitismo europeu e às suas lutas interimperialistas. Ignominiosa combinação de interesses espúrios e má consciência, a injustíssima resolução 181 da ONU que em 1947 decidiu a repartição da Palestina conserva hoje toda a sua atualidade destrutiva. Marek Edelman, heróico defensor do gueto de Varsóvia em 1943, soube ver muito bem os motivos: “Se Israel foi criado isso foi graças a um acordo entre a Grã-Bretanha, Estados Unidos e a URSS. Não para expiar os seis milhões de judeus assassinados pela Europa, mas par repartir os negócios do Médio Oriente”. Hoje, todos nós podemos ver os resultados: através dessa pequena ferida está a esvair-se em sangue irremediavelmente o mundo.

O Congresso de Basiléia, ato fundacional do sionismo, foi cedo denunciado por Karl Kraus, judeu universal de Viena, como uma forma de anti-semitismo: “Estas duas forças aspirariam secretamente a uma aliança”, pois “o seu objetivo é, de fato, comum: expulsar os judeus da Europa”. O essencialismo étnico-religioso de Theodor Herzl, em qualquer caso, só persuadiu uma diminuta minoria, como o demonstra o fato de apenas uns poucos milhares de sionistas terem emigrado para a Palestina antes de 1933. Só a convergência de três fatores exteriores à história da região explica a presença de 600.000 judeus no momento da repartição. O primeiro foi a perseguição nazista, que obrigou à fuga de milhões de judeus tanto da Alemanha como das zonas por ela ocupadas. O segundo, a inescrupulosa exploração deste genocídio por parte da organização sionista, mais preocupada em colonizar a Palestina do que em salvar seres humanos: “Se me dessem a possibilidade”, declarou Ben Gurión em 1938, “de salvar todas as crianças judias da Alemanha levando-as para Inglaterra ou salvar só metade transportando-as para Eretz - Israel, optaria pela segunda alternativa”. O terceiro, a cobiça imperialista de Inglaterra, que a partir da declaração Balfour (1917) e mediante uma maquiavélica política migratória soube interpretar a seu favor todas as vantagens da proposta racista de Herzl: “Para a Europa construiremos aí (na Palestina) um pedaço de muralha contra a Ásia, seremos a sentinela avançada da civilização contra a barbárie”.

Repartição e expansão

Contrariamente ao que julgamos saber, não apenas a justiça palestina se opôs ao princípio da repartição, como também a injustiça sionista. Em 1948, Menahem Beguin, dirigente do grupo terrorista Irgún e futuro prêmio Nobel da Paz, declarava que “a repartição não privará Israel do resto dos territórios”. A 19 de Março desse mesmo ano Ben Gurión, chefe da Haganah e pai-fundador de Israel, insistia em que “o Estado judeu não dependerá da política da ONU mas sim da nossa força militar”. Essa força militar, articulada no plano Dalet, expulsou das suas terras, mediante o terror e a violência, 800.000 palestinos, numa operação de limpeza étnica a grande escala cuja envergadura e objetivo foram claramente expostos pelo historiador israelense Benny Morris (um ultra-sionista que só lamenta, ainda por cima, que Ben Gurión não tivesse sido ainda mais radical). Dessa maneira, a 18 de Maio de 1948 foi criado, sobre 77% do território palestino, o “único Estado democrático” do Médio Oriente, um Estado “judeu” cuja “constituição” é a conhecida Lei do Retorno de 1950. É ela, e não a decência nem a razão nem a história, a que permite o “regresso” à Palestina de qualquer “judeu” do mundo, a partir de uma ambígua definição racial/religiosa que abarca os descendentes de pais ou avós judeus e os convertidos à religião de Moisés (mas exclui os que mudam de credo e os que questionam o caráter “judeu” do Estado de Israel).

Expulsão. A 11 de Julho de 1948, o Exército israelense obrigou a partida dos 19.000 habitantes de Lydda e dos mais de 20.000 palestinos que se tinham refugiado lá. Hoje Lydda chama-se Lod e só 20% da sua população é árabe. 418 povoações ficaram vazias.
Cada vez que Israel bombardeia cidades, levanta muros, derruba oliveiras ou impõe a fome e a doença a milhões de seres humanos, os EUA e a UE, se por vezes lamentam “o desproporcionado uso da força”, lembram uma e outra vez o seu direito a se defenderem. Que ninguém se escandalize se eu disser que é absurdo invocar o seu direito à defesa quando o que está em causa é o seu direito à existência. Cada vez que os EUA e a UE promovem alguma ‘iniciativa de paz’ discute-se sobre o que fazer com os palestinos e o que conceder aos palestinos, como se os intrusos e ocupantes fossem eles. Que ninguém se escandalize se eu disser que a verdadeira questão é saber o que fazemos com os israelenses e o que concedemos aos israelenses. Não pode haver justiça se não se parte de princípios justos e é necessário, portanto, investir nesses princípios que nos parecem absurdamente naturais de alcançar, não já a justiça, mas uma solução minimamente injusta. Estou seguro de que o pragmatismo e a piedade levariam os palestinos a serem generosos com os israelenses se o mundo declarasse publicamente de que lado está a razão e agisse em conseqüência. Mas enquanto os EUA e a UE, únicas chaves do conflito, apoiarem política, econômica e militarmente os direitos do racismo, do fanatismo, do nacionalismo messiânico e a violência colonial, a humanidade continuará a desgraçar-se sem remédio através dessa ferida aberta na Palestina.

Nota de Diagonal: O problema dos refugiados
Depois das expulsões de 800.000 palestinos em 1948, 350.000 em 1967 e do constante fluxo de palestinos que saíram e continuam a sair do país nos últimos 60 anos, o número de refugiados ascende a uns seis milhões. Mais de quatro vivem nos Territórios Ocupados, Jordânia, Líbano e Síria. Mais de um milhão vive em acampamentos de refugiados. E mais de 250.000 são deslocados internos em Israel, os conhecidos como “presentes ausentes”. O regresso dos refugiados, ponto-chave na resolução do conflito e com o apoio da resolução 194 da ONU, é completamente repudiado por Israel.

Texto de Santiago Alba Rico, Diagonal. Tradução de Alexandre Leite para a Tlaxcala.

Share/Bookmark

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Midiática


Photo: Noam Chomsky. Photo by Sascha Schuermann AFP / Getty Images.
Comentário: O texto abaixo é muito pertinente ao momento atual, haja vista a forma com que a grande mídia brasileira abandona a verdade, atropela a ética, arma o golpe e mancha a democracia e a vontade popular ao seu bel-prazer.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Publicado pelo Instituto João Goulart

Postado por O Anti-PIG e "pescado" do blog Universae 
O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Share/Bookmark

sábado, 18 de setembro de 2010

Olhos nos Olhos - Maria Bethania e Chico Buarque


Share/Bookmark

Rabindranath Tagore


Cântico da Esperança 
Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.
Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões



As Coisas Transitórias
Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.

É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

Share/Bookmark

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sarah McLachlan - Ben's Song


Share/Bookmark

sábado, 11 de setembro de 2010

Salvador Allende - O Último Discurso



"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores:

Não vou renunciar!

Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças.

Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista.

Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino.

Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se.

Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile!

Viva o povo!

Viva os trabalhadores!

Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição".

Salvador Allende - 11 de Setembro de 1973
Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Fonte: Marxists.org

Share/Bookmark

11 de Setembro de 2001 - Um atentado ao bom jornalismo

Bush, segundos após ter sido informado sobre os atentados.
O que esse idiota estaria pensando nesse momento?
Postado por: Universae

Fausto Wolff
Jornal do Brasil - 11 de setembro de 2006
Robert Fisk é um dos maiores jornalistas que conheci. Morador de Beirute, escreveu depois de ver as crianças mortas em Qana: “Temo por um novo 11 de Setembro”. Eu, por minha vez, não consigo imaginar árabes fazendo tamanha besteira e restituindo a Bush o prestígio perdido.

O maior show mundial de mau jornalismo ocorreu em 11 de setembro de 2001 e nos dias, semanas e meses que se seguiram. Informações vitais que poderiam levar aos autores da explosão das Torres Gêmeas foram escondidas, camufladas, ignoradas e algumas estão fatalmente sepultadas. Só verão a luz dentro de 200 anos, ocasião em que saberemos também quem matou Kennedy e seu irmão Robert, quem matou Getúlio, Juscelino e Jango. Os autores sabiam que o mundo estaria pasmo demais e aceitaria o que quer que lhes fosse dito pela imprensa.

Sobre o assunto, algumas perguntas: a) Bin Laden realmente existe? E se existe, a quem serve?; b) Quem lucrou com o atentado? Bush ou os países árabes, como Afeganistão, Iraque, Líbano e Palestina?; c) Por que Bin Laden escolheu um momento em que Bush Jr., graças às falcatruas em que se metera, estava com a reputação mais por baixo do que cocô em tamanco?; d) Será que seu interesse era reacender a chama patriótica americana?; e) Será que Bin Laden queria que Bush acabasse com o Afeganistão e fizesse o mesmo no Iraque, a Faixa de Gaza e o Líbano?; f) Por que a explosão ocorreu numa época em que a CIA estava praticamente desativada e a indústria armamentista passava por grave crise?; g) Por que o atentado ocorreu exatamente quando o presidente era o filho de um ex-presidente e ex-diretor da CIA?; h) Se as famílias Laden e Bush tinham negócios conjuntos de bilhões de dólares, por que Laden decidiu atacar um aliado de seu pai?; i) Por que Bin Laden, que serviu aos Estados Unidos para expulsar os russos do Afeganistão, voltou-se contra os Estados Unidos numa hora tão esdrúxula? Pensem nisso enquanto faço um parágrafo.

Agora lhes dou alguns fatos. Fato: minutos depois da explosão das torres, o governo informou que se tratava de obra de terroristas árabes. No mesmo dia apresentava seus nomes, endereços e fotos. Pergunta: se sabiam quem eram, por que não os prendeu antes?

Fato: os atentados ocorreram às nove horas da manhã, quando a grande maioria dos funcionários, patrões e empregados ainda não havia chegado, pois só se começa realmente a trabalhar em Nova York às dez. Pergunta: Bin Laden teria algo contra a arraia-miúda e os poucos workaholics que estavam no local? Bin Laden quis poupar a vida dos grandes empresários americanos, aos quais culpa pela situação no Oriente? Teria marcado a coisa naquela hora para matar o mínimo possível?

Ora, homicídio é tabu. Quem mata dois ou três está preparado para matar dois ou três milhões. Ou será que Hitler estava preocupado com o número de suas vítimas? Algo assim: “Três milhões já é suficiente. Minha consciência não admite mais morte alguma”. Matar o mínimo interessaria aos americanos. Se descobertos, décadas depois, poderiam alegar razões patrióticas. A memória do mundo é curta como a vida do homem.

Outro fato: a maioria dos mortos era originária do terceiro mundo. Pergunta: eram eles que Bin Laden queria matar? Mas se o atentado houvesse sido cometido por americanos, matar negros, pobres e imigrantes, que pouco escândalo fariam na imprensa, seria o ideal, não é mesmo?

Se ninguém – a não ser os autores – sabia dos atentados, por que antes das explosões já havia câmeras de TV dissimuladas e estrategicamente colocadas para que não se perdesse nenhum detalhe?

Outro fato não comprovado: os quatro aviões (os dois que se chocaram contra as torres, o que se chocou contra o Pentágono e o que simplesmente evaporou no ar) estavam praticamente lotados de passageiros. Pergunta: por que as listas não foram divulgadas? Por que não apareceu parente de passageiro algum chorando diante de qualquer câmera? Pergunta: teriam os aviões sido dirigidos por controle remoto, coisa perfeitamente possível hoje em dia?

Americano adora cinema. Vou lhes contar, portanto, uma história cinematográfica. (Continua amanhã)

Fausto Wolff
Jornal do Brasil - 12 de Setembro de 2006
Eis a história que prometi lhes contar. Um grupo de terroristas árabes resolveu explodir as Torres Gêmeas, o Pentágono e a Casa Branca. Pacientemente, esperou até o dia 11 de setembro para poder seqüestrar o avião Boeing 093 (que explodiu as torres) e o Boeing 011 (que falhou ao tentar acabar com o Pentágono e cujos destroços desapareceram em minutos, como se se tratasse de um avião de papel).

Os terroristas queriam os aviões com esses números para lembrar o distinto público de que em 93 uma bomba explodiu na garagem de uma das torres e que 011 aludia ao dia do atentado. Depois disso, ludibriaram a polícia americana – certamente estavam disfarçados de suecos. Armados apenas com facas, realizaram simultaneamente os seqüestros mais espetaculares já ocorridos no mundo.

Pergunta: os terroristas árabes são idiotas, leitores de gibi que, em vez de simplificar, procuraram complicar as coisas? A verdade me parece ser a seguinte: ao contrário do que ocorre sempre, nenhum grupo terrorista assumiu a autoria e isso era fundamental para o governo americano, pois assim poderia (como fez e continua fazendo) procurar terroristas em qualquer país que lhe interessasse. Em vez de caçar um único grupo, se dá ao luxo de caçar “terroristas” indiscriminadamente.

Fato: algumas horas após o atentado, conhecido jornalista brasileiro, sionista, dizia na TV Educativa: “É preciso exterminar o terror onde o terror estiver”. Bush só diria essas palavras (produzidas antecipadamente por agências oficiais de notícias e enviadas a todas as embaixadas) no dia seguinte.

Um fato curioso: os países de língua inglesa invertem mês e dia. Desse modo, 11 de setembro, ou seja, 11/9, é escrito 9/11. Para quem não sabe, 911 é o número adotado nos Estados Unidos para você informar uma emergência.

Fato: a área onde estavam as torres era deficitária economicamente. Fato: as torres foram construídas de modo a desabar verticalmente, no caso de uma implosão. Fato: além das duas torres, também implodiu verticalmente um terceiro prédio vizinho que não havido sido construído de maneira a possibilitar isso. Ora, posso concluir que o terceiro prédio atrapalhava os planos dos verdadeiros terroristas. Quando as torres caíssem, ele simplesmente explodiria para todos os cantos, matando gente num perímetro de um quilômetro. Se, como declararam as autoridades americanas, o prédio caiu como teria caído sob o efeito de um terremoto, por que só ele caiu? E por que caiu tão elegantemente?

Enfim, leitores, para burros os americanos não servem. A queda das Torres Gêmeas resolveu vários problemas: Bush voltou a ser popular e os americanos – bem como quase todo o mundo – comoveram-se com a situação. Limpou a área das torres, onde agora será construída uma praça? Um monumento? Não. No mesmo local será construído o maior edifício do mundo.

O atentado permitiu que os americanos ignorassem a ONU, invadissem o Afeganistão, invadissem o Iraque e arrumassem uma carta branca para invadir qualquer país onde suspeitem que haja um terrorista. Eles têm bases no Paraguai, no Maranhão, no Paquistão, em Cuba, no mundo inteiro. Graças ao atentado também as indústrias bélica e petrolífera americanas estão funcionando a todo vapor e os agentes da CIA e do FBI estão como o diabo gosta.

Bush fez com que o Congresso aprovasse o Patriotic Act, que acaba definitivamente com o mito da democracia americana e impede que qualquer pessoa possa fazer pipi em casa sem correr o risco de ser filmado. Os americanos que usaram armas nucleares na Iugoslávia e no Iraque (os cogumelos são característicos dessas armas) só não conseguiram resolver um problema: o dos gases tóxicos produzidos pela explosão das torres, que continuam fazendo vítimas. Isso é perfeitamente compreensível, pois a CIA não poderia aparecer em Wall Street no dia anterior à explosão, distribuindo máscaras contra gases. Aí seria bandeira demais.

Mas, voltando ao que escrevi ontem: tudo o que relatei a grande imprensa poderia ter escrito nas primeiras semanas após o fato. Não o fez. É patriotismo demais.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

José Saramago - O Caminho de Salomão



Baseado no romance "A Viagem do Elefante" e seguindo a rota portuguesa que José Saramago inventou para Salomão, porque não ficaram registos da viagem real, reencontramos lugares históricos e extraordinários que reclamam um novo olhar. O elefante Salomão é pois um pretexto para percorrer Portugal com um livro nas mãos.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

domingo, 5 de setembro de 2010

José & Pilar



Fonte: Canal de FJSaramago

Share/Bookmark

sábado, 4 de setembro de 2010

Mercedes Sosa - Todo Cambia



Cambia lo superficial
cambia también lo profundo
cambia el modo de pensar
cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
cambia el pastor su rebaño
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Cambia el mas fino brillante
de mano en mano su brillo
cambia el nido el pajarillo
cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
aunque esto le cause daño
y así como todo cambia
que yo cambie no extraño

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Cambia el sol en su carrera
cuando la noche subsiste
cambia la planta y se viste
de verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor
de mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
tendrá que cambiar mañana
así como cambio yo
en esta tierra lejana

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor...

Postado por: Universae

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fidel pede aos jovens lutarem para evitar uma guerra nuclear



O comandante-em-chefe Fidel Castro assegurou hoje, 2 de setembro, que é possível vencer na grande batalha por preservar o mundo duma contenda nuclear que resultaria em seu fim, e defender o direito de todos os seres humanos a viver.

A ponto de completar-se 65 anos de seu ingresso no ensino superior, o líder cubano retornou à Universidade de Havana, onde, como já ele disse outras vezes e reafirmou nesta manhã, tornou-se revolucionário e descobriu seu verdadeiro destino, e dali instou novamente a governos e povos a salvarem a paz, a vida e o futuro.

"O tempo de que dispõe a Humanidade para travar esta batalha é incrivelmente limitado", advertiu o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, referindo-se ao perigo real e iminente de outra guerra no Oriente Médio, cujas consequências para o mundo são imprevisíveis e podem ser catastróficas.

Envergando roupa verde-oliva, aos pés do monumento à Alma Máter e perante uma entusiástica multidão que lotou a histórica escada e suas proximidades, Fidel leu sua mensagem aos estudantes universitários de Cuba, que é também um apelo a lutar contra aqueles que impuseram ao mundo um sistema que ameaça hoje a sobrevivência mesma do planeta e da espécie humana.

"Estamos aqui para convencer, dissuadir e evitar uma guerra que fará finita a esperança, para demonstrar que o amor à vida é devoção de todos", afirmou por seu lado a presidenta da Federação Estudantil Universitária (FEU), de Cuba, Maydel Gómez Lago.

"Até o último minuto estaremos exigindo o direito à vida, não queremos morrer desta maneira absurda, queremos tornar realidade nossos sonhos", enfatizou a jovem. E apelando ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu-lhe fazer uso da faculdade que tem de impedir que em poucos dias a guerra seja o drama de todos.

Aos universitários do mundo inteiro instou a aderirem a esta luta e expressou: "Temos o direito de lutar por nosso futuro, temos o dever de construí-lo. Ainda estamos a tempo. Lutemos pela paz, a vida não perdoará que façamos menos".

O diretor da revista Alma Máter, voz dos universitários cubanos, Yoerky Sánchez Cuéllar, falou também, mas em versos, para exigir do inquilino da Casa Branca, não só que não puxe o gatilho, mas também a destruição de todas as armas nucleares.

"O senhor deve escutar Fidel, que não está sendo alarmista e tampouco catastrofista, mas que vê que este mundo pode sumir num segundo se a paz não for conquistada", refletiu em décimas o jovem, também deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular.

"Cá estamos, comandante cá está sua juventude que sente a gratidão de vê-lo tão saudável, de escutá-lo a cada instante, de ler suas Reflexões, de conhecer as razões pelas quais está preocupado e de tê-lo acompanhado nestas novas missões", concluiu.



Vídeo: Tijolaço

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Os 33 - A tragédia que traz reflexões



Não é Deus que confina o homem em minas de ouro e cobre ou em buracos subterrâneos (do corpo, da mente e do espírito), mas sim a sua própria vontade?

A busca desenfreada pelo mundo material (o "Ter" e não o "Ser") não tem limites!

Esta tragédia traz uma reflexão para a humanidade

Nós estamos, neste momento, nos sentindo confinados com os braços atados e os olhos bem arregalados diante desta tragédia.

Perguntamos quase que em uma só voz: o que buscamos verdadeiramente nas profundezas da terra?

A Mãe Gaia não confina seus filhos jamais, mas guarda em seu útero um próximo viver.

Um pássaro (a Fênix) faz revoadas sobre os escombros e traz a notícia tão esperada:

Uma profunda reflexão de tantos acidentes acontecendo no útero da terra.
Assim como a ferida que jorrou o sangue (petróleo) por meses no mar do Caribe.

A Mãe Gaia chora pelos seus filhos, mas nos dá a lição de quem como mãe nos educa severamente.

Trinta e três é um número bastante simbólico.

O nome da mina é San Jose, portanto o nome a quem estes homens talvez devam tanta fé, perseverança e esperança!

Trecho do Salmo 40 - Lido aos 33 mineiros:

Esperei anciosamente por Javé.

Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu grito.

Fez-me subir da cova fatal e do brejo lodoso.

Colocou os meus pés sobre a rocha e firmou os meus passos.

Pôs em minha boca um cântico novo, um louvor ao nosso Deus.

Vendo isso, muitos irão temer, e confiarão em Javé.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

João de Deus - Abadiânia GO



"Eu ouvi e olhei com os olhos abertos.
Verti minha alma no mundo buscando o desconhecido no conhecido.
E canto em altos brados em meu assombro."
Rabindranath Tagore, místico, poeta indiano (1861 - 1941)

As marquises do tempo aceleraram-se nos três dias que estive com João de Deus e Chico Xavier!

Uma alegria imensa como colher flores no campo, como beber água na fonte cristalina ou como dormir sob o olhar das estrelas!

O silêncio de puro ouro trouxe-me torturas aos pensamentos por decisões e ações a serem concluídas; mas escutava a voz da sabedoria dos enviados da Luz que como guirlandas dançavam sobre nossas cabeças.

Hora após hora o céu se abria para derramar pétalas de águas cristalinas de palavras Sagradas que saíam da boca dos Anjos.

Eu ali sentada sobre os bancos azuis feito de tijolinhos de céu, senti todo o meu Ser elevar-se acima de qualquer angústia ou pensamentos que não fossem de uma profunda entrega.

O tempo não existe quando estamos em "Abadiânia", pois esta sobre uma grande e linda Drusa de Cristal, e as mandalas de energia que vibram na atmosfera são fótons de pura Luz.

Uma profunda alegria persegue todos que por lá andam; respeito, altruísmo, caridade e fé são a ordem do dia. Todos caminham vestidos de um branco sem fim, mais parece um jardim de lírios e margaridas que balançam sob o vento!

Um mundo paralelo desponta em formas geométricas, no ar o perfume das rosas e a claridade do dia não deixa a noite chegar tão cedo!

O céu? Ah! O céu de Abadiânia emenda na colina das mandalas. Quando chega a noite com a lua cheia pousando nos galhos das árvores, o cenário mais parece um sonho, pois ficamos com os corpos eletrizados de tantas mandalas disputando todo o espaço possível!

"João de Deus"...um rio corre dos seus olhos, tão azuis que são quase transparentes. Da sua pele caem gotas de energia em fios de cura e a sua voz é um canto de respostas de alegria e contentamento, esperança e fé.

Obrigada "João de Deus" por emprestar suas vestes para os anjos desfiarem em ramos que transformam em remédios para toda cura!

Obrigada por nos ensinar tanto Amor!

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Teresa de Calcutá - 100 Anos



"O senhor não daria banho em um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho em um leproso"
Agnes Gonxha Bojaxhiu (Madre Teresa de Calcutá)
26/08/1910 - 05/09/1997
Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Vídeo: Nachtwaker

Share/Bookmark

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma Mensagem a Todos Nós



Vídeo: Nossa Função

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fidel pede a Obama que evite a guerra nuclear


Fidel disse que Obama tem a única oportunidade real de paz no mundo

No último dia 3 de agosto, Fidel Castro escreveu uma carta aberta a Barack Obama, na qual reagiu ao anúncio feito pelo almirante Michael Mullen, chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos EUA, feito três dias antes, de que aquele país tinha pronto um plano de ataque militar ao Irã.

Na carta, Fidel expõe uma situação de conflito global com ameaças sérias à sobrevivência do planeta e conclamou o presidente dos Estados Unidos a conter o iminente desastre, já que “está em suas mãos oferecer à humanidade a única possibilidade real de paz.”

Fidel trata das questões ambientais e se aprofunda no desastre da Bristish Petroleum no Golfo do México para questionar uma sociedade movida pelo consumo que destrói o planeta, e afirma que “evitar a antecipação do apocalipse exige questionar os mitos da modernidade – como mercado, desenvolvimento, estado uninacional -, todos eles baseados na razão instrumental.”

Com diversas fontes de informação, quase todas públicas, Fidel traça um mosaico vertiginoso, que desemboca na questão iraniana e nos riscos que ela traz de uma nova conflagração global de proporções apocalípticas. O líder cubano faz uma escalada de notícias, que no que se refere aos conflitos bélicos começa no dia 29 de julho, quando a Agência France Press (AFP) informa o “jamais imaginado”: Osama Bin Laden era um homem do serviço de inteligência dos EUA. “…Osama Bin Laden aparece nos informes secretos publicados pela Wikileaks como um agente ativo, presente e prestigiado por seus homens na zona afegã-paquistanesa”.

Escreve Fidel: “Era sabido que, na luta dos afegãos contra a ocupação soviética do Afeganistão, Osama cooperou com os EUA, mas o mundo supunha que em sua luta contra a invasão estrangeira, aceitou o apoio dos EUA e da OTAN como uma necessidade e que, uma vez libertado o país, rechaçava a ingerência estrangeira, criando a organização AL Qaeda para combater os EUA.

Muitos países, Cuba entre eles, condenam seus métodos terroristas que não excluem a morte de incontáveis vítimas inocentes.

Qual seria agora a surpresa da opinião mundial ao saber que a Al Qaeda era uma criação do governo americano?

Foi a justificativa para a guerra contra os talibãs no Afeganistão e um dos motivos, entre outros, para a posterior invasão e ocupação do Iraque pelas forças militares dos EUA. Dois países onde milhares de jovens americanos foram mortos e um grande número deles foi mutilado. Entre ambos, mais de 50 mil soldados americanos estão comprometidos por tempo indefinido, e junto a eles, integrantes das unidades da organização bélica da OTAN e outros aliados, como Austrália e Coréia do Sul.”

No dia 29 de julho, prossegue Fidel, “foi publicada a foto de um jovem americano de 22 anos, Bradley Manning, analista de inteligência, que entregou ao site Wikileaks 240 mil documentos secretos. Não foi falado de sua culpa ou inocência. Não poderão lhe tocar um fio entretanto.
Os integrantes da Wikileaks juraram mostrar a verdade ao mundo.”

Em 30 de julho, a AFP publica: “A República Popular da China ‘desaprova as sanções unilaterais’ adotadas pela União Europeia conta o Irã, declarou hoje o porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu”. Do mesmo modo, a Rússia protestou energicamente contra as sanções.

Ainda em 30 de julho, outra notícia da AFP informa que o ministro de defesa de Israel declarou: “As sanções que a ONU impôs ao Irã […] não os farão suspender suas atividades de enriquecimento de urânio em busca da bomba atômica.”

Em 1º de agosto, um telegrama da AFP informa que “um alto chefe militar dos Guardiões da Revolução advertiu, hoje, aos EUA, contra um possível ataque ao Irã”.

“Israel não descartou uma ação militar contra o Irã para deter seu programa nuclear”.

“A comunidade internacional, encabeçada por Washington, intensificou recentemente sua pressão sobre o Irã, acusado de tentar obter a arma nuclear com o encobertamento do programa nuclear civil”.

“As afirmações de Javani precederam uma declaração do chefe de estado maior americano, Michael Mullen, que assegurou este domingo que um plano de ataque dos EUA contra o Irã está previsto para impedir que Teerã obtenha a arma nuclear”.

Em 2 de agosto, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad desafiou Obama para um conversa frente a frente, perante os meios de comunicação, para tratar das questões mundiais. “Mas o presidente Ahmadinejad advertiu que o diálogo deverá ser baseado no respeito mútuo”.

“Se acreditam que podem balançar um bastão e nos dizer que devemos aceitar tudo o que dizem, isso não acontecerá. As potências ocidentais ‘não entendem que as coisas mudaram no mundo, acrescentou”.

Fidel afirma que os iranianos declararam que dispararão 100 foguetes contra cada um dos barcos americanos e de Israel que bloquearem o Irã. “De modo que, quando Obama der a ordem de cumprir a Resolução do Conselho de Segurança, estará decretando o naufrágio de todos os navios de guerra americanos naquela zona. Uma decisão tão dramática nunca recaiu sobre nenhum presidente dos EUA. Devo prevê-lo”, escreveu.

Nesse momento, Fidel se dirige diretamente a Obama com o pedido para que evite o conflito:

“O senhor deve saber que está em suas mão oferecer à humanidade a única possibilidade real de paz. Somente em uma ocasião o senhor poderá lançar mão de suas prerrogativas ao dar a ordem de disparar.

É possível que depois, a partir desta traumática experiência, se encontrem soluções que não nos conduzam outra vez a esta apocalíptica situação. Todos em seu país, inclusive seus piores adversários de esquerda ou de direita, com segurança lhe agradecerão, e também o povo dos EUA, que não é em absoluto culpado pela situação criada.

Solicito-lhe que se digne a escutar este apelo que em nome do povo de Cuba transmito-lhe.

Compreendo que não se pode esperar, nem você daria nunca, uma resposta rápida. Pense bem, consulte seus especialistas, peça opinião sobre o assunto a seus mais poderosos aliados e adversários internacionais.

Não me interessam honrarias nem glórias. Faça-o!

O mundo poderá libertar-se realmente das armas nucleares e também das convencionais.

A pior de todas as variantes será a guerra nuclear, que é já virtualmente inevitável.

Evite-a!”

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Share/Bookmark

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Reportagem em Gaza

Guardian.co.uk
Por Sara Roy, no The Nation

Tradução: Caia Fittipaldi

Estive em Gaza em 2009, minha primeira visita desde último ataque israelense ao território. Fiquei petrificada ante o que vi, em local que conheço muito bem há mais de 25 anos: a terra devastada, em frangalhos, a vida das pessoas tão gravemente ameaçada. Gaza decai sob o peso de uma sempre continuada devastação, incapaz de funcionar normalmente. O vácuo que ameaça de todos os lados vai-se enchendo de desespero e ausências que minam até os raros, últimos atos de resistência e otimismo que ainda encontram alguma via de expressão.

O que mais me impressionou foi a candura desse povo, mais da metade do qual são crianças, e a obscenidade, a indecência, o crime que é aquele tipo de punição coletiva infindável.

Guardian.co.uk
O desmonte, o desmanche da economia e da sociedade em Gaza foram deliberados, resultado de uma política de Estado – conscientemente planejada, implementada e imposta.

Embora a maior parcela de responsabilidade por esse crime caiba a Israel, os EUA e a União Europeia, dentre outros, também são culpados, assim como também é culpada a Autoridade Palestina na Cisjordânia. São todos cúmplices na ruína dessa bela terra. E assim como a desgraça de Gaza foi conscientemente orquestrada, assim também estão sendo conscientemente criados os obstáculos para impedir qualquer recuperação.

Gaza tem longa história de sujeição, que assumiu novas dimensões depois da vitória eleitoral do Hamás, em janeiro de 2006. Imediatamente depois daquelas eleições, Israel e alguns países doadores suspenderam contatos com a Autoridade Palestina; imediatamente depois, a ajuda direta também foi suspensa, e veio o boicote financeiro internacional imposto à Autoridade Palestina. Naquele momento, Israel, que já estava confiscando os impostos e taxas que recolhe mensalmente em nome da Autoridade Palestina e não repassa, efetivamente pôs fim à possibilidade de os habitantes de Gaza trabalharem em Israel; e reduziu drasticamente o comércio externo de Gaza.
Guardian.co.uk
Com a escalada da violência de israelenses e palestinos, que levou à morte de dois soldados israelenses e à captura do soldado Gilad Shalit em junho de 2006, Israel fechou todas as fronteiras de Gaza, autorizando a entrada, exclusivamente, de alguns produtos para finalidades humanitárias, o que marcou o início do sítio, que chega hoje ao 4º ano de duração.

A captura de Shalit precipitou assalto militar massivo de Israel contra Gaza no final de junho de 2006, a chamada “Operação Chuvas de Verão” , que visou especificamente a infraestrutura, para tentar desestabilizar o governo liderado pelo Hamás: foram atacados os prédios públicos, os ministérios da Autoridade Palestina; começaram os racionamentos de combustível, eletricidade, água; e os serviços de esgotos foram reduzidos. Essa operação-guerra quase corpo a corpo, diária, durou até outubro de 2006.

Wordpress
Em junho de 2007, depois de o Hamás chegar ao poder na Faixa de Gaza (o que aconteceu depois de meses de violência interna e de uma tentativa de golpe do partido Fatah contra o governo do Hamás) e da dissolução do governo de unidade nacional, a Autoridade Palestina efetivamente se partiu em duas: formou-se em Gaza um governo de facto, liderado pelo Hamás – e rejeitado com estardalhaço por Israel e pelo ocidente; e formou-se na Cisjordânia o governo oficialmente reconhecido, liderado pelo presidente Mahmoud Abbas. O boicote contra a Cisjordânia da Autoridade Palestina foi levantado, mas o boicote contra Gaza foi intensificado.

Para aumentar ainda mais a miséria de Gaza, o gabinete de segurança de Israel decidiu, em 19/9/2007, declarar a Faixa “entidade inimiga”, controlada por “organização terrorista”. Depois dessa decisão, Israel impôs novas sanções, entre as quais o banimento quase completo de qualquer comércio, controle absoluto sobre os movimentos de ir e vir da maioria dos gazenses, inclusive dos trabalhadores. No outono de 2008, foram proibidas todas as importações de combustível para Gaza. Essas políticas contribuíram para transformar os habitantes de Gaza, de povo com direitos políticos e nacionais, em “problema humanitário” – casos de pobreza e miséria pelos quais se responsabiliza hoje a comunidade internacional.

Guardian.co.uk
Não bastasse os principais países doadores internacionais, sobretudo os EUA e a União Europeia, terem participado do regime de sanções contra Gaza, eles também privilegiaram a Cisjordânia em seu trabalho programático. As estratégias dos doadores são agora de apoiar e fortalecer a fragmentação e o isolamento da Cisjordânia e da Faixa de Gaza – objetivo político de Israel desde o processo de Oslo – e de dividir os palestinos em duas entidades distintas, oferecendo com prodigalidade para um dos lados, ao mesmo tempo em que o outro lado é privado de tudo e criminalizado.

Esse comportamento dos principais países doadores reflete mudança significativa no modo como veem e abordam o conflito Israel-Palestina: a antiga posição, de oposição à ocupação israelense, está sendo trocada por uma nova posição, de apoio à ocupação e, portanto, de reconhecimento.

É o que se vê na ampla e não criticada aceitação da política colonialista israelense e no aprofundamento da separação de Cisjordânia e Gaza, com completo isolamento de Gaza.

Wordpress
Essa mudança no modo de pensar dos países doadores também pode ser observada na nenhuma disposição de nenhum desses doadores para confrontar nem a anexação de facto de terras palestinas nem o novo movimento dos israelenses para reformular o conflito – que passa a estar centrado exclusivamente em Gaza… sendo Gaza identificada exclusivamente ao Hamás e, portanto, apresentada como ‘terrorista’ e excluída do mundo ‘civilizado’.

Dentro do paradigma “anexação (da Cisjordânia)/‘terroristização’ (da Faixa de Gaza)” qualquer resistência pelos palestinos, estejam na Cisjordânia ou em Gaza, à ocupação repressiva por Israel, incluindo qualquer tentativa significativa de reativar a vida econômica, são hoje consideradas por Israel e por alguns dos países doadores como movimentos ilegítimos e ilegais.

Nesse contexto o regime de sanções contra Gaza pode ser argumentalmente justificado – regime de sanções que jamais foi mitigado desde o final da guerra. O comércio normal (do qual a microscópica economia de Gaza depende desesperadamente) continua proibido; importações e exportações tradicionais praticamente já sumiram de Gaza. De fato, com pequenas e muito específicas exceções, nenhum material de construção e nenhuma matéria prima entram legalmente na Faixa, desde 14/6/2007. De fato, segundo a Anistia Internacional, apenas 41 caminhões carregados com materiais de construção entraram legalmente em Gaza, entre o fim do ataque israelense em meados de janeiro/2009 e dezembro/2009. Isso, em condições em que o setor industrial de Gaza precisaria de 55 mil caminhões carregados de materiais para reconstruções urgentes e indispe nsáveis. Além disso, no ano que decorreu a partir da proibição, as importações de diesel e gasolina de Israel para Gaza para uso privado ou comercial só foram autorizadas em pequenas quantidades e só em quatro ocasiões (embora a Agência para Socorro Humanitário da ONU [ing. United Nations Relief and Works Agency, UNRWA] receba fornecimento periódico de diesel e petróleo). Em agosto passado, 90% da população de Gaza vivia sob racionamento de eletricidade (cortada por 4-8 horas/dia), e os 10% restantes viviam sem nenhuma eletricidade – realidade que não foi alterada até hoje.

BBC
O bloqueio de Gaza provocou também o colapso praticamente total do setor privado. Pelo menos 95% dos estabelecimentos industriais de Gaza (3.750 empresas) foram destruídas ou forçadas a fechar ao longo dos últimos quatro anos, o que implicou perda de entre 100 mil e 120 mil postos de trabalho. As 5% restantes operam com 20-50% da capacidade. As amplas restrições ao comércio também contribuíram para a erosão continuada do setor agrícola de Gaza – agravada ainda mais pela destruição de 5 mil acres de terra agricultável e 305 poços de irrigação, durante o ataque israelense de dez.-jan.2009. Essas perdas incluem a destruição de 140.965 pés de oliveiras, 136.217 limoeiros, 22.745 outras árvores frutíferas, 10.365 tamareiras e outras 8.822 árvores e arbustos.

As terras antes irrigadas estão hoje secas; e o subsolo, contaminado por esgotos e água salgada, torna os campos praticamente imprestáveis. Inúmeras tentativas, de agricultores de Gaza, para replantar ao longo do ano passado, falharam, quase sempre por causa do esgotamento e da contaminação dos solos, com altos níveis de nitratos. O setor agrícola de Gaza também foi muito duramente prejudicado pela zona ‘neutra’ criada por Israel no norte e a leste de Gaza (e pelo Egito, na fronteira sul), exatamente onde estão as terras mais férteis da Faixa. A zona mede oficialmente 300m de largura por 55km de comprimento; mas, segundo a ONU, fazendeiros com terras localizadas a 1.000m da fronteira tem sido afastados a tiros pelo exército israelense. Aproximadamente 30-40% de toda a terra agricultável de Gaza está confinada nessa zona ‘neutra”. O setor agrícola de Gaza vive hoje situação de colapso total.

Distorções assim tão profundas na economia e no desejo da sociedade de Gaza – ainda que se recriem as melhores condições possíveis – exigem décadas para que sejam corrigidas. A economia depende hoje largamente dos empregos no setor público, das organizações de ajuda humanitária e das atividades do contrabando, o que comprova a crescente informalização da economia. Ainda antes do ataque israelense do ano passado, o Banco Mundial já constatava uma redistribuição de riqueza em Gaza, do setor privado formal, para os operadores do mercado negro.

Guardian.co.uk
Há inúmeros exemplos, mas um, particularmente ilustrativo, é o setor bancário. Poucos dias depois de Gaza ser declarada “entidade inimiga”, os bancos israelenses anunciaram a intenção de encerrar todas as transações diretas com bancos sediados em Gaza e só negociar com as instituições irmãs em Ramallah, na Cisjordânia. Nesses termos, os bancos sediados em Ramallah tornaram-se responsáveis pela transferência de moeda para as subsidiárias na Faixa de Gaza. Mas as regulações israelenses proíbem transferência de grandes quantidades de moeda sem prévia aprovação pelo ministério da Defesa e outras agências do aparelho de segurança israelense. Consequentemente, ao longo dos dois últimos anos, o setor bancário de Gaza enfrenta sérios problemas para atender às necessidades de dinheiro de seus clientes. Essa situação, po r sua vez, fez surgir um setor bancário informal que, hoje, é em larga medida controlado por gente ligada ao governo do Hamás, o que converteu o próprio Hamás em principal agente de intermediação das finanças em Gaza. Consequentemente, esses agentes de troca de moeda, que podem facilmente gerar capitais, são, de fato, mais fortes do que o sistema bancário formal, que não troca moeda nem gera capitais nem os faz girar.

Outro exemplo da informalidade econômica crescente em Gaza é a economia dos túneis, que começou a emergir há muito tempo, como primeira resposta ao bloqueio, e criou uma linha vital de abastecimento para uma população que vivia numa prisão a céu aberto. Segundo economistas locais, cerca de 2/3 da atividade econômica em Gaza é hoje orientada para o contrabando de bens que entram em (mas não saem). Mesmo essa última linha vital de abastecimento pode ser diminuída em breve, se o Egito – com a colaboração de engenheiros do governo dos EUA – concluir as obras de construção de uma muralha de aço, parte dela enterrada até o subsolo, ao longo da fronteira com Gaza, numa tentativa para conter o contrabando e o ir e vir de pessoas. Se a muralha chegar a ser completada, terá cerca de 8 km de comprimento e 15m de profundidade.

BBC
Os túneis, que Israel tolera em nome de manter inalteráveis as regras do bloqueio, são também importante fonte de renda para o governo do Hamás e as empresas associadas a ele, o que efetivamente enfraquece as modalidades tradicionais e formais de negócios e qualquer possibilidade de reconstruir um setor viável de comércio e negócios. Desse modo, o bloqueio de Gaza levou a um processo lento mas regular pelo qual se substituiu o setor formal de negócios por outro, quase totalmente marginal e paralelo, um mercado negro, que resiste e rejeita qualquer tipo de registros, regulação ou transparência e que, desgraçadamente, tem o máximo interesse em que as coisas mantenham-se exatamente como estão hoje.

Pelo menos duas novas classes econômicas emergiram em Gaza, fenômeno que teve antecedentes no período de Oslo: uma dessas classes tornou-se extraordinariamente rica, em boa parte por causa da economia de mercado negro dos túneis; a outra é constituída de alguns empregados do setor públicos, pagos (pela Autoridade Palestina na Cisjordânia) para não trabalhar (para o governo do Hamas). Assim, não apenas muitos trabalhadores de Gaza foram forçados a parar de produzir por ação de pressões externas; há hoje, além disso, uma nova categoria de pessoas recompensadas por não produzir – o que não deixa de ser espantosa ilustração-exemplo da realidade cada dia mais distorcida na qual a população de Gaza tem de sobreviver. Tudo isso levou a disparidades econômicas visíveis e monstruosas entre os que têm e os que não têm – como se constata no consumismo pervertido, em restaurantes e shopping-centers, nos quais só pisam os que têm.

Praticamente não há atividade produtiva na economia de Gaza, onde se vê uma espécie de consumismo do desespero entre pobres e ricos, mas que, no caso dos pobres, não supre sequer as necessidades mais básicas. Ainda não apareceram bilhões da ajuda internacional oferecida; e a imensa maioria dos gazenses vivem em situação de miséria absoluta. A combinação de um setor privado esgotado e economia estagnada levou a altíssimas taxas de desemprego (31,6% na cidade de Gaza; 44,1% em Khan Younis). Segundo a Câmara de Comércio Palestina, o desemprego real já se aproxima de 65%. Pelo menos 75% das 1,5 milhão de pessoas que vivem em Gaza dependem hoje de ajuda humanitária para suprir necessidades básicas de sobrevivência; há dez anos, eram 30%.

Guardian.co.uk
Relatórios da ONU mostram que o número de habitantes de Gaza que vivem hoje nas condições mais abjetas de pobreza – os que absolutamente não conseguem alimentar a família – triplicou e já atinge 300 mil, aproximadamente 20% da população.

O acesso a quantidades de comida suficientes para matar a fome continua a ser problema crítico, e parece estar tornando-se mais agudo depois de suspenso o ataque israelense contra Gaza, de setembro de 2009 até o início de janeiro de 2010: estatísticas mostram que Israel só permite que os palestinos recebam nunca mais (e às vezes menos) de 25% do que seria necessário para suprir sua carência alimentar; em vários momentos, essa porcentagem desceu a 16% do mínimo necessário para não morrer de fome ou por efeitos da desnutrição.

Nas duas últimas semanas de janeiro, esses índices desceram: entre 16 e 29 de janeiro, entraram em Gaza, em média, 24,5 caminhões de comida e suprimentos, por dia. Dado que seriam necessários 400 caminhões/dia para alimentar a população, Israel permitiu que chegasse a Gaza apenas 6% da comida necessária, nesse período de duas semanas.

Guardian.co.uk
São números obscenos. Gaza precisa de aproximadamente 240 mil caminhões de comida e suprimentos por ano para “suprir as necessidades da população e responder ao esforço de reconstrução”, segundo a Federação Palestina das Indústrias. Segundo a FAO e o programa World Food, “Há provas de que a população de Gaza está sendo mantida em plano mínimo, segundo padrões humanitários.” Em Gaza se registram os mais baixos índices da relação peso/idade – indicador de desnutrição crônica, já detectada entre crianças com menos de 5 anos, cuja incidência subiu de 8,2% em 1996, para 13,2% em 2006.

A agonia de Gaza não termina aí. Segundo dados da Anistia Internacional, 90-95% da água obtida do aqüífero em Gaza é “imprópria para beber”. Praticamente todos os depósitos subterrâneos de água em Gaza estão contaminados com nitratos, em quantidades muito superiores às admitidas pela OMS – em algumas áreas os números são seis vezes superiores ao padrão máximo admitido –, ou são águas salobras. Gaza já não tem nenhuma fonte regular de água limpa. Segundo relatório de um país doador, “Em nenhum outro lugar do mundo há tantas pessoas expostas a tão altos níveis de nitratos por períodos tão longos de tempo. Jamais se viu situação semelhante e não há estudos que nos ajudem a entender os danos que sofrerão essas pessoas expostas, por tanto tempo, ao envenenamento por nitrato” – o que é ainda mais perigoso no caso das crianças.

Guardian.co.uk
Segundo Desmond Travers, um dos co-autores do Relatório Goldstone, “se essas questões não forem discutidas e essa situação corrigida, em breve Gaza será diagnosticada como área não habitável, pelos padrões da Organização Mundial de Saúde”.
É possível que altos níveis de contaminação por nitratos tenham contribuído para alterações chocantes na taxa de mortalidade infantil entre palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

A taxa de mortalidade infantil, amplamente usada como indicador de saúde das populações, não se alterara desde 1990 até recentemente. Hoje dá sinais de aumento. Isso, porque as causas de mortes de crianças mudaram: de doenças infecciosas e diarréias, para prematuridade, baixo peso ao nascer e malformações congênitas. São sinais alarmantes (e discrepantes na Região), porque as taxas de mortalidade infantil estão em declínio em praticamente todo o mundo em desenvolvimento, inclusive, por exemplo, no Iraque.

BBC
O povo de Gaza sabe hoje que foi abandonado. Disseram-me alguns, na rua, que a única vez que chegaram a ter esperança de serem ajudados foi quando estavam sob bombardeio, porque então, pelo menos, o mundo tinha notícias de Gaza e talvez prestasse atenção. Gaza é hoje lugar onde a miséria é fantasiada de sobrevivência e caridade é bom negócio.

Contudo, apesar dos esforços de Israel e do ocidente para mostrar Gaza como paraíso de terroristas, a população resiste. Talvez resistam, sobretudo, contra a possibilidade de render-se, não a Israel, mas ao ódio. Há tanta gente que ainda fala de paz, de tentar resolver os conflitos… Seja como for, hoje, em Gaza, nada disso é motivo para otimismo. Tudo, em Gaza, é motivo para desespero.


Sara Roy é pesquisadora sênior do Centro de Estudos do Oriente Médio, da Universidade de Harvard. Seu novo livro, Hamas and Social Islam in Palestine (Princeton University Press, 2010) está no prelo. Esta reportagem foi publicada em fevereiro de 2010.

Gaza's Reality from Occupation 101 on Vimeo.


Share/Bookmark