quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Uma Análise de Vandré" - Adriana Tanese Nogueira



Postado por Náufrago da Utopia

Para entendermos e refletirmos sobre o que aconteceu com Geraldo Vandré, a opinião de uma terapeuta tem tudo a ver.

Ainda mais sendo a de uma profissional altamente conceituada, como Adriana Tanese Nogueira -- que, ademais, é filha de um ex-militante da resistência à ditadura e está contando as memórias familiares num livro que posta, capítulo por capítulo, num de seus blogues, à medida que os vai escrevendo.

Então, é com prazer que reproduzo aqui o artigo Uma análise de Vandré, da nossa boa Adriana, uma autora que vocês não devem perder de vista:
Sempre tive a convicção interna de que é preciso estar à altura do que somos. Quem já não se pegou tendo algumas idéias fantásticas? Ou sentindo ter que realizar uma missão muito maior do que si próprio?

Acho que algo assim aconteceu com Geraldo Vandré. Minha filha de 12 anos ouvindo outro dia, pela primeira vez, a música Caminhando ficou profundamente emocionada. Não foram só as letras que lhe chamaram a atenção, mas também a voz de Geraldo Vandré, o tom, a alma que está presente na forma como ele canta. É profunda, é sentida, é tão sagaz e intensa que tem o efeito de um megafone gigantesco.

Caminhando, um hino. A melhor música de 1968, digna das melhores produções musicais do ano mais emocionante e radical da história ocidental, quando se acreditava que se podia mudar o mundo. O ano em que nos países civilizados de 1º mundo, jovens e intelectuais acordaram do longo sono da hierarquia social e das tradições conservadoras para respirar o ar fresco da vida nova e ousar querer mais, ousar mudar, ousar dizer NÃO.

Infelizmente, no nosso Brasil subdesenvolvido, 1968 foi o ano da catástrofe. Desde aquele ano o “não” foi erradicado da cultura brasileira. Já notaram como todos dizem “sim”? Se fazem o que prometem é outro assunto, se ligam, se mantêm compromissos, se comparecem no horário marcado, se realizam o que prometeram, são fieis à palavra dada - tudo isso são outros quinhentos. O importante é dizer “sim”, nunca entrar em atrito. A oposição é proibida (porque no imaginário significa morte, fim); a hipocrisia aceita (e todos vivemos no jeitinho brasileiro). Enquanto a ONU decretava 1968 como Ano Internacional dos Direitos Humanos, no Brasil começou a orgia de desrespeito aos direitos humanos e ao Humano em geral.

Em setembro de 1968, no III Festival Internacional da Canção, Vandré canta o Pra não dizer que não falei das flores. Foi um sucesso imediato. Todos, de alguma forma, compreenderam o que significava, a letra penetrou rapidamente debaixo da pele como uma pomada regenerante. Logo em seguida, Vandré perdeu seu emprego e antes da emissão das novas Tábuas da Lei (o AI-5) da Toda-Poderosa Ditadura Militar, em dezembro daquele mesmo ano, Geraldo Vandré já estava fora do Pais. Por causa de um música.

Como muitos exiliados, ele não gostou de sua nova vida. Arrancado de sua patria para salvar-se, o cantor fraquejou e cedeu às drogas e à depressão. Foi sua primeira grande falha. Ele não soube pagar o preço pelo presente que doou ao Brasil: uma simples música. Mas uma Grande Música, o hino de uma geração, o sentido de uma luta, o sonho de um povo, de muitos povos. A verdade cantada em poesia de que todos somos iguais, “braços dados ou não”, de que há muitos soldados “perdidos com armas na mão”. E o militarismo não é uma barbarie destinada a acabar um dia? Na Itália, há muitos anos é dada a opção de fazer o serviço “civil” no lugar do serviço militar. Os homens novos não identificam a masculinidade com o uso da força, isso é coisa do passado.

É também uma verdade psicológica e sociológica de altissimo valor que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Conhecimento que não se transforma em ação não serve para nada, é vazio e enganoso. Saber é fazer. Saber é ser; logo, é agir. E isso porque temos “os amores na mente” e a “História na mão”: é por amor que se muda o mundo e as lições do passado devem ensinar alguma coisa. Povo sem passado é povo burro que patina no presente (e isso vale do ponto de vista psicológico também: é preciso comprender a própria história para mudá-la). Somente assim, “caminhando e cantando, e seguindo a canção”, poderemos aprender e ensinar “uma nova lição”, criar um novo mundo.

É essa “nova lição” que o regime militar exorcizou perseguindo e depois “confundindo” a cabeça do criador dessas palavras. Convinha aos exímios generais uma mais primitiva divisão do conflito entre bons e maus, fardados e “terroristas”, protetores da pátria e “malucos assassinos”. Era mais digerível uma versão simplória da realidade, regada a muito ódio, exaltação e medo.

A Caminhando era mais poderosa do que bombas e ameaças. Por isso, quando seu incauto autor resolveu cometer o seu segundo erro e ceder à angústia da saudade, voltando para a pátria amada cedo demais (1973), ele foi “acolhido” pela gentil força armada que “cuidou” dele num agradável hospital psiquiátrico, onde Vandré permaneceu isolado dos outros pacientes. Eis então o que significa na truculenta língua do regime militar o projeto transformador contido na Caminhando: uma loucura. Uma doença tão perigosa que deveria ser mantida separada dos outros malucos que ocupavam a simpática clínica para doentes mentais.

Reflitamos. Desde quando as Forças Armadas "acolhem" os cidadãos nos aeroportos? As Forças Armadas acolhem generais, presidente, embaixadores e altos funcionários. Cidadãos são acolhidos em suas chegadas ao País por familiares, amantes, amigos e colegas. Forças Armadas "acolhem" cidadãos somente quando os prendem ou os sequestram. Como Vandré não era um alto oficial, e não havia matado ou roubado, ele deve ter sido sequestrado para ser "reprogramado".

É certo. Num regime militar onde a livre expressão é proibida, onde todas as fontes, oportunidades e instrumentos de reflexão crítica são proibidos, “as flores pelo chão” devem ser incineradas e sua existência negada.

Foi assim que o poeta, cuja Musa genial inspirou-lhe a grande canção de esperança, foi hospedado por quase dois meses numa clínica psiquiátrica para “rever” suas idéias. O que mais a Musa poderia sugerir ao poeta, justamente nos anos mais negros da história do Brasil? O regime militar preocupou-se, então, em “explicar” ao poeta com "métodos apropriados" que suas músicas afinal não passavam de lorotas tolas, que sendo ele um cantor de porte, não como o Caetano e o Gil que “fazem qualquer coisa”, não lhe cabia permanecer no mesmo campo musical.

Tiveram sucesso. Hoje, Geraldo Vandré só faz “música erudita”, aquela que poucos entendem (qual melhor jeito de mantê-lo longe do povo?). Ele inclusive não gosta da cultura de massa (nem eu gosto, mas ela virou o que virou porque foi expurgada anos atrás de todos os pensadores críticos!) e é por isso que não canta mais para o Brasil.

Não só, surpreendentemente, Vandré agora tem a Força Aérea Brasileira como seu xodó, se aloja em suas instalações, carrega papel impresso da FAB, símbolos e tudo o mais. Como ocorreu tal mudança?

Ao assistir à entrevista da Globo pelos 75 anos de Vandré, a impressão que tive foi de um homem quebrado, mas "disfarçado". Ele não parece amargurado, arrependido, deprimido. Poderia sentir-se assim, tem motivos para isso, seria totalmente normal. Ele também não parece um homem que mudou de idéias, que deixou de acreditar em algo e passou a pensar diferente, nem que fosse de forma fanática. Qual é a dele, então?

Ele parece uma pessoa cuja estrutura mental foi embaralhada por um novo e diferente maço de cartas, que nada tem a ver com a identidade original. Imaginem jogar baralho e de repente aparece aqui e alí uma carta com outro desenho, outro significado e que pertence a outro tipo de jogo. Imaginem dois “jogos” convivendo na psicologia de Vandré aparentemente de forma “pacífica”, pois uma situação dessas deveria levar ao desequilíbrio mental. Mas o Vandré parece normal. É como se, de alguma forma, tivessem conseguido “reprogramar” o cantor de modo a manter sua aparente sanidade mas atuando em "modo diferente”.

Celso Lungaretti sustenta a tese da lavagem cerebral, não em sentido amplo, mas estrito. Ela acontece quando se submete uma pessoa a uma condição de total dependência de seus carcereiros. Estes controlam tudo o que a pessoa faz, desde o que e quando ela come e vai ao banheiro, até o sono e todos seus movimentos. Dá para imaginar o que isso significa? Estar totalmente à mercê do inimigo cruel?

Após um tempo assim, por instinto de sobrevivência e busca sentido (para não ficar louco), a vítima passa do sentimento de pânico e abandono total àquele de buscar conivência com seus algozes. Se, além dos “cuidados materiais" pelos quais a vítima passa, são-lhe soministrados também “cuidados psicológicos”, tipo “ensinar-lhe” o que ela deve pensar e acreditar, temos um prato cheio para compreender a esquisita entrevista de Geraldo Vandré à Globo.

Além de lento, o homem não é explicitamente patético, como seria alguém que fracassou em seu propósito de vida e choraminga; também não mudou de idéia, como disse, pois hoje, de alguma forma, ele até nega ter tido “idéias”; não está amargurado, como teria todo direito a estar. Ao contrário, aparenta uma estranha leveza e distância, mas também não está fazendo algo de concreto. Tudo é confuso e nublado. Algumas coisas ele “não lembra”, mas as letras de suas músicas ele lembra perfeitamente.

Talvez só lá encontraremos Geraldo Vandré, no fio da meada que a Musa lhe inspirou, mas que o homem não conseguiu aguentar. Aquele fio da meada de sanidade mental que os “preocupados cuidados militares” não conseguiram apagar - e nunca irão apagar da bagagem cultural do Brasil. Morre o homem consciente, mas não morre a música revolucionária, justamente porque "a vida não se resume em festivais".

Psicoterapeuta formada em Milão (Itália) e radicada na Flórida (EUA), Adriana Tanese Nogueira é idealizadora do blogue Psicologia Dialética e da ONG Amigas do Parto.

por Celso Lungaretti

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Geraldo Vandré: De rei a trapo em 58 dias


Postado por: Náufrago da Utopia

"Ele foi um rei, e brincou com a sorte
Hoje ele é nada, e retrata a morte
Ele foi um rei, e brincou com a sorte
Hoje ele é nada, e retrata a morte

Ele passou por mim, mudo e entristecido
Eu quis gritar seu nome, não pude
Ele olhou pra parede, disse coisas lindas
Disse um poema pr'um poste, me veio lágrimas

O que fizeram com ele? Não sei
Só sei que esse trapo, esse homem foi um rei
O que fizeram com ele? Não sei
Só sei que esse trapo, esse homem foi um rei"
("Tributo A Um Rei Esquecido", Benito Di Paula)

Ainda sobre o enigma Geraldo Vandré, eis mais elementos para corroborar minha tese de que, a despeito de tudo que haja sofrido antes de deixar o País do AI-5, sua transformação de rei em trapo se deu na volta para o Brasil, quando a ditadura dele se apossou em 14/07/1973 e só o liberou em 11/09/1973, anunciando então sua chegada como se tivesse acabado de desembarcar.

Eis duas declarações de 2004, em entrevista que Vandré então concedeu a Ricardo Anísio, do Jornal do Norte:
"...eu voltei [do exílio] doente e meio perdido em meu país, quando justamente os militares me acolheram (!) e me deram tratamento médico (!!), e me alojaram (!!!)".

"... havia escrito a canção ["Fabiana"] porque sempre fui um apaixonado por aviões. Agora, a minha relação com as Forças Armadas hoje, é de muito respeito mútuo (!). Eles me tratam com dedicação (!!) e sabem das minhas questões existenciais (!!!)".


Na verdade, Vandré foi mas é internado numa clínica psiquiátrica e, em depoimento que li na internet, uma companheira que também estava lá relatou que ele se encontrava sob vigilância de agentes da ditadura, impedido de falar com os outros pacientes.

Há também referências a uma internação em 1974, numa clínica do bairro de Botafogo (RJ), depois de uma crise de nervos durante a qual teria ameaçado esfaquear a irmã.

Mas é a do ano anterior que realmente importa. Pode-se dizer que se constituiu num divisor de águas. Vandré era um antes e se tornou outro depois.

Vale citar o Timothy Leary, aquele mesmo do LSD, que foi também uma das mais respeitadas autoridades científicas no estudo das lavagens cerebrais:
"O trabalho de lavagem cerebral é relativamente simples, consistindo basicamente na troca de alguns circuitos robóticos por outros. Assim que a vítima passa a encarar o reprogramador como a criança encara seus pais - fornecedores de segurança vital e de apoio para o ego - qualquer nova ideologia pode ser inculcada no cérebro.

"Durante o estágio de vulnerabilidade, qualquer pessoa pode ser convertida a qualquer sistema de valores. Facilmente podemos ser induzidos a entoar 'Hare Krishna, Hare Krishna' como 'Jesus morreu por nós', ou a bradar 'abaixo o Vaticano', aceitando plenamente as ideologias que estão por trás desses temas".
Fragilizado por tudo que sofrera, incluindo problemas com drogas, Vandré pode muito bem ter, naqueles suspeitíssimos 58 dias, sido induzido a bradar "viva a FAB", retratando a morte.

Enquanto não soubermos no que realmente consistiu o tal tratamento médico proporcionado pelos militares quando acolheram e alojaram o Vandré, não poderemos, em sã consciência, descartar a hipótese de lavagem cerebral.

Com a palavra, os jornalistas investigativos e os historiadores

por Celso Lungaretti

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Over the Rainbow - Israel Kamakawiwo'ole



Israel Ka‘ano‘i Kamakawiwo'ole (pronúncia IPA [kamakaʋiwoˈʔole]; Honolulu, 20 de Maio de 1959 - Honolulu, 26 de Junho de 1997) foi um cantor americano, muito popular no seu estado de nascimento, o Havaí. Kamakawiwo'ole, que usava também o nome "Braddah IZ", era famoso em sua terra natal não só pela música mas pelas suas raízes; era descendente de uma linhagem pura de nativos havaianos. Nunca ocultou a sua posição a favor da independência do Havai e de defesa dos direitos dos nativos.

Ao longo da sua carreira musical, Iz debateu-se com muitos problemas de saúde relacionados com o seu peso excessivo chegando a pesar 343 kg, para um corpo com 1,88 m. Aos 38 anos, faleceu devido a problemas respiratórios causados pela obesidade mórbida.
Fonte: Wikipédia

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O nascimento de uma nação racista



Israel: um defeito de fabricação
O verdadeiro vencedor da II Guerra Mundial não foi a aliança de nações que combateu a Alemanha nazista, nem mesmo esses EUA robustecidos pela debilitação da Europa e muito menos, desde logo, os milhões de vítimas judias do nazismo: o verdadeiro vencedor da II Guerra Mundial foi o movimento sionista fundado por Theodor Herzl em 1897.

Por isso mesmo, o verdadeiro perdedor do conflito bélico não foi a Alemanha nem o Japão, nem a Itália, nem mesmo a essa URSS condenada a desaparecer 40 anos mais tarde: o verdadeiro perdedor, em conjunto com os milhões de vítimas do holocausto nazista, foi o povo palestino, radicalmente inocente e completamente alheio ao mesmo tempo ao anti-semitismo europeu e às suas lutas interimperialistas. Ignominiosa combinação de interesses espúrios e má consciência, a injustíssima resolução 181 da ONU que em 1947 decidiu a repartição da Palestina conserva hoje toda a sua atualidade destrutiva. Marek Edelman, heróico defensor do gueto de Varsóvia em 1943, soube ver muito bem os motivos: “Se Israel foi criado isso foi graças a um acordo entre a Grã-Bretanha, Estados Unidos e a URSS. Não para expiar os seis milhões de judeus assassinados pela Europa, mas par repartir os negócios do Médio Oriente”. Hoje, todos nós podemos ver os resultados: através dessa pequena ferida está a esvair-se em sangue irremediavelmente o mundo.

O Congresso de Basiléia, ato fundacional do sionismo, foi cedo denunciado por Karl Kraus, judeu universal de Viena, como uma forma de anti-semitismo: “Estas duas forças aspirariam secretamente a uma aliança”, pois “o seu objetivo é, de fato, comum: expulsar os judeus da Europa”. O essencialismo étnico-religioso de Theodor Herzl, em qualquer caso, só persuadiu uma diminuta minoria, como o demonstra o fato de apenas uns poucos milhares de sionistas terem emigrado para a Palestina antes de 1933. Só a convergência de três fatores exteriores à história da região explica a presença de 600.000 judeus no momento da repartição. O primeiro foi a perseguição nazista, que obrigou à fuga de milhões de judeus tanto da Alemanha como das zonas por ela ocupadas. O segundo, a inescrupulosa exploração deste genocídio por parte da organização sionista, mais preocupada em colonizar a Palestina do que em salvar seres humanos: “Se me dessem a possibilidade”, declarou Ben Gurión em 1938, “de salvar todas as crianças judias da Alemanha levando-as para Inglaterra ou salvar só metade transportando-as para Eretz - Israel, optaria pela segunda alternativa”. O terceiro, a cobiça imperialista de Inglaterra, que a partir da declaração Balfour (1917) e mediante uma maquiavélica política migratória soube interpretar a seu favor todas as vantagens da proposta racista de Herzl: “Para a Europa construiremos aí (na Palestina) um pedaço de muralha contra a Ásia, seremos a sentinela avançada da civilização contra a barbárie”.

Repartição e expansão

Contrariamente ao que julgamos saber, não apenas a justiça palestina se opôs ao princípio da repartição, como também a injustiça sionista. Em 1948, Menahem Beguin, dirigente do grupo terrorista Irgún e futuro prêmio Nobel da Paz, declarava que “a repartição não privará Israel do resto dos territórios”. A 19 de Março desse mesmo ano Ben Gurión, chefe da Haganah e pai-fundador de Israel, insistia em que “o Estado judeu não dependerá da política da ONU mas sim da nossa força militar”. Essa força militar, articulada no plano Dalet, expulsou das suas terras, mediante o terror e a violência, 800.000 palestinos, numa operação de limpeza étnica a grande escala cuja envergadura e objetivo foram claramente expostos pelo historiador israelense Benny Morris (um ultra-sionista que só lamenta, ainda por cima, que Ben Gurión não tivesse sido ainda mais radical). Dessa maneira, a 18 de Maio de 1948 foi criado, sobre 77% do território palestino, o “único Estado democrático” do Médio Oriente, um Estado “judeu” cuja “constituição” é a conhecida Lei do Retorno de 1950. É ela, e não a decência nem a razão nem a história, a que permite o “regresso” à Palestina de qualquer “judeu” do mundo, a partir de uma ambígua definição racial/religiosa que abarca os descendentes de pais ou avós judeus e os convertidos à religião de Moisés (mas exclui os que mudam de credo e os que questionam o caráter “judeu” do Estado de Israel).

Expulsão. A 11 de Julho de 1948, o Exército israelense obrigou a partida dos 19.000 habitantes de Lydda e dos mais de 20.000 palestinos que se tinham refugiado lá. Hoje Lydda chama-se Lod e só 20% da sua população é árabe. 418 povoações ficaram vazias.
Cada vez que Israel bombardeia cidades, levanta muros, derruba oliveiras ou impõe a fome e a doença a milhões de seres humanos, os EUA e a UE, se por vezes lamentam “o desproporcionado uso da força”, lembram uma e outra vez o seu direito a se defenderem. Que ninguém se escandalize se eu disser que é absurdo invocar o seu direito à defesa quando o que está em causa é o seu direito à existência. Cada vez que os EUA e a UE promovem alguma ‘iniciativa de paz’ discute-se sobre o que fazer com os palestinos e o que conceder aos palestinos, como se os intrusos e ocupantes fossem eles. Que ninguém se escandalize se eu disser que a verdadeira questão é saber o que fazemos com os israelenses e o que concedemos aos israelenses. Não pode haver justiça se não se parte de princípios justos e é necessário, portanto, investir nesses princípios que nos parecem absurdamente naturais de alcançar, não já a justiça, mas uma solução minimamente injusta. Estou seguro de que o pragmatismo e a piedade levariam os palestinos a serem generosos com os israelenses se o mundo declarasse publicamente de que lado está a razão e agisse em conseqüência. Mas enquanto os EUA e a UE, únicas chaves do conflito, apoiarem política, econômica e militarmente os direitos do racismo, do fanatismo, do nacionalismo messiânico e a violência colonial, a humanidade continuará a desgraçar-se sem remédio através dessa ferida aberta na Palestina.

Nota de Diagonal: O problema dos refugiados
Depois das expulsões de 800.000 palestinos em 1948, 350.000 em 1967 e do constante fluxo de palestinos que saíram e continuam a sair do país nos últimos 60 anos, o número de refugiados ascende a uns seis milhões. Mais de quatro vivem nos Territórios Ocupados, Jordânia, Líbano e Síria. Mais de um milhão vive em acampamentos de refugiados. E mais de 250.000 são deslocados internos em Israel, os conhecidos como “presentes ausentes”. O regresso dos refugiados, ponto-chave na resolução do conflito e com o apoio da resolução 194 da ONU, é completamente repudiado por Israel.

Texto de Santiago Alba Rico, Diagonal. Tradução de Alexandre Leite para a Tlaxcala.

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Midiática


Photo: Noam Chomsky. Photo by Sascha Schuermann AFP / Getty Images.
Comentário: O texto abaixo é muito pertinente ao momento atual, haja vista a forma com que a grande mídia brasileira abandona a verdade, atropela a ética, arma o golpe e mancha a democracia e a vontade popular ao seu bel-prazer.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Publicado pelo Instituto João Goulart

Postado por O Anti-PIG e "pescado" do blog Universae 
O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

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sábado, 18 de setembro de 2010

Olhos nos Olhos - Maria Bethania e Chico Buarque


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Rabindranath Tagore


Cântico da Esperança 
Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.
Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões



As Coisas Transitórias
Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.

É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sarah McLachlan - Ben's Song


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sábado, 11 de setembro de 2010

Salvador Allende - O Último Discurso



"Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros.

Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores:

Não vou renunciar!

Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.

Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.

Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição, que lhes ensinara o general Schneider e reafirmara o comandante Araya, vítimas do mesmo setor social que hoje estará esperando com as mãos livres, reconquistar o poder para seguir defendendo seus lucros e seus privilégios.

Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher simples de nossa terra, à camponesa que nos acreditou, à mãe que soube de nossa preocupação com as crianças.

Dirijo-me aos profissionais da Pátria, aos profissionais patriotas que continuaram trabalhando contra a sedição auspiciada pelas associações profissionais, associações classistas que também defenderam os lucros de uma sociedade capitalista.

Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e deram sua alegria e seu espírito de luta.

Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, porque em nosso país o fascismo está há tempos presente; nos atentados terroristas, explodindo as pontes, cortando as vias férreas, destruindo os oleodutos e os gasodutos, frente ao silêncio daqueles que tinham a obrigação de agir. Estavam comprometidos. A historia os julgará.

Seguramente a Rádio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará mais a vocês. Não importa. Vocês continuarão a ouvi-la. Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranqüilizar, mas tampouco pode humilhar-se.

Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e seu destino.

Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se.

Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile!

Viva o povo!

Viva os trabalhadores!

Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição".

Salvador Allende - 11 de Setembro de 1973
Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

Fonte: Marxists.org

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11 de Setembro de 2001 - Um atentado ao bom jornalismo

Bush, segundos após ter sido informado sobre os atentados.
O que esse idiota estaria pensando nesse momento?
Postado por: Universae

Fausto Wolff
Jornal do Brasil - 11 de setembro de 2006
Robert Fisk é um dos maiores jornalistas que conheci. Morador de Beirute, escreveu depois de ver as crianças mortas em Qana: “Temo por um novo 11 de Setembro”. Eu, por minha vez, não consigo imaginar árabes fazendo tamanha besteira e restituindo a Bush o prestígio perdido.

O maior show mundial de mau jornalismo ocorreu em 11 de setembro de 2001 e nos dias, semanas e meses que se seguiram. Informações vitais que poderiam levar aos autores da explosão das Torres Gêmeas foram escondidas, camufladas, ignoradas e algumas estão fatalmente sepultadas. Só verão a luz dentro de 200 anos, ocasião em que saberemos também quem matou Kennedy e seu irmão Robert, quem matou Getúlio, Juscelino e Jango. Os autores sabiam que o mundo estaria pasmo demais e aceitaria o que quer que lhes fosse dito pela imprensa.

Sobre o assunto, algumas perguntas: a) Bin Laden realmente existe? E se existe, a quem serve?; b) Quem lucrou com o atentado? Bush ou os países árabes, como Afeganistão, Iraque, Líbano e Palestina?; c) Por que Bin Laden escolheu um momento em que Bush Jr., graças às falcatruas em que se metera, estava com a reputação mais por baixo do que cocô em tamanco?; d) Será que seu interesse era reacender a chama patriótica americana?; e) Será que Bin Laden queria que Bush acabasse com o Afeganistão e fizesse o mesmo no Iraque, a Faixa de Gaza e o Líbano?; f) Por que a explosão ocorreu numa época em que a CIA estava praticamente desativada e a indústria armamentista passava por grave crise?; g) Por que o atentado ocorreu exatamente quando o presidente era o filho de um ex-presidente e ex-diretor da CIA?; h) Se as famílias Laden e Bush tinham negócios conjuntos de bilhões de dólares, por que Laden decidiu atacar um aliado de seu pai?; i) Por que Bin Laden, que serviu aos Estados Unidos para expulsar os russos do Afeganistão, voltou-se contra os Estados Unidos numa hora tão esdrúxula? Pensem nisso enquanto faço um parágrafo.

Agora lhes dou alguns fatos. Fato: minutos depois da explosão das torres, o governo informou que se tratava de obra de terroristas árabes. No mesmo dia apresentava seus nomes, endereços e fotos. Pergunta: se sabiam quem eram, por que não os prendeu antes?

Fato: os atentados ocorreram às nove horas da manhã, quando a grande maioria dos funcionários, patrões e empregados ainda não havia chegado, pois só se começa realmente a trabalhar em Nova York às dez. Pergunta: Bin Laden teria algo contra a arraia-miúda e os poucos workaholics que estavam no local? Bin Laden quis poupar a vida dos grandes empresários americanos, aos quais culpa pela situação no Oriente? Teria marcado a coisa naquela hora para matar o mínimo possível?

Ora, homicídio é tabu. Quem mata dois ou três está preparado para matar dois ou três milhões. Ou será que Hitler estava preocupado com o número de suas vítimas? Algo assim: “Três milhões já é suficiente. Minha consciência não admite mais morte alguma”. Matar o mínimo interessaria aos americanos. Se descobertos, décadas depois, poderiam alegar razões patrióticas. A memória do mundo é curta como a vida do homem.

Outro fato: a maioria dos mortos era originária do terceiro mundo. Pergunta: eram eles que Bin Laden queria matar? Mas se o atentado houvesse sido cometido por americanos, matar negros, pobres e imigrantes, que pouco escândalo fariam na imprensa, seria o ideal, não é mesmo?

Se ninguém – a não ser os autores – sabia dos atentados, por que antes das explosões já havia câmeras de TV dissimuladas e estrategicamente colocadas para que não se perdesse nenhum detalhe?

Outro fato não comprovado: os quatro aviões (os dois que se chocaram contra as torres, o que se chocou contra o Pentágono e o que simplesmente evaporou no ar) estavam praticamente lotados de passageiros. Pergunta: por que as listas não foram divulgadas? Por que não apareceu parente de passageiro algum chorando diante de qualquer câmera? Pergunta: teriam os aviões sido dirigidos por controle remoto, coisa perfeitamente possível hoje em dia?

Americano adora cinema. Vou lhes contar, portanto, uma história cinematográfica. (Continua amanhã)

Fausto Wolff
Jornal do Brasil - 12 de Setembro de 2006
Eis a história que prometi lhes contar. Um grupo de terroristas árabes resolveu explodir as Torres Gêmeas, o Pentágono e a Casa Branca. Pacientemente, esperou até o dia 11 de setembro para poder seqüestrar o avião Boeing 093 (que explodiu as torres) e o Boeing 011 (que falhou ao tentar acabar com o Pentágono e cujos destroços desapareceram em minutos, como se se tratasse de um avião de papel).

Os terroristas queriam os aviões com esses números para lembrar o distinto público de que em 93 uma bomba explodiu na garagem de uma das torres e que 011 aludia ao dia do atentado. Depois disso, ludibriaram a polícia americana – certamente estavam disfarçados de suecos. Armados apenas com facas, realizaram simultaneamente os seqüestros mais espetaculares já ocorridos no mundo.

Pergunta: os terroristas árabes são idiotas, leitores de gibi que, em vez de simplificar, procuraram complicar as coisas? A verdade me parece ser a seguinte: ao contrário do que ocorre sempre, nenhum grupo terrorista assumiu a autoria e isso era fundamental para o governo americano, pois assim poderia (como fez e continua fazendo) procurar terroristas em qualquer país que lhe interessasse. Em vez de caçar um único grupo, se dá ao luxo de caçar “terroristas” indiscriminadamente.

Fato: algumas horas após o atentado, conhecido jornalista brasileiro, sionista, dizia na TV Educativa: “É preciso exterminar o terror onde o terror estiver”. Bush só diria essas palavras (produzidas antecipadamente por agências oficiais de notícias e enviadas a todas as embaixadas) no dia seguinte.

Um fato curioso: os países de língua inglesa invertem mês e dia. Desse modo, 11 de setembro, ou seja, 11/9, é escrito 9/11. Para quem não sabe, 911 é o número adotado nos Estados Unidos para você informar uma emergência.

Fato: a área onde estavam as torres era deficitária economicamente. Fato: as torres foram construídas de modo a desabar verticalmente, no caso de uma implosão. Fato: além das duas torres, também implodiu verticalmente um terceiro prédio vizinho que não havido sido construído de maneira a possibilitar isso. Ora, posso concluir que o terceiro prédio atrapalhava os planos dos verdadeiros terroristas. Quando as torres caíssem, ele simplesmente explodiria para todos os cantos, matando gente num perímetro de um quilômetro. Se, como declararam as autoridades americanas, o prédio caiu como teria caído sob o efeito de um terremoto, por que só ele caiu? E por que caiu tão elegantemente?

Enfim, leitores, para burros os americanos não servem. A queda das Torres Gêmeas resolveu vários problemas: Bush voltou a ser popular e os americanos – bem como quase todo o mundo – comoveram-se com a situação. Limpou a área das torres, onde agora será construída uma praça? Um monumento? Não. No mesmo local será construído o maior edifício do mundo.

O atentado permitiu que os americanos ignorassem a ONU, invadissem o Afeganistão, invadissem o Iraque e arrumassem uma carta branca para invadir qualquer país onde suspeitem que haja um terrorista. Eles têm bases no Paraguai, no Maranhão, no Paquistão, em Cuba, no mundo inteiro. Graças ao atentado também as indústrias bélica e petrolífera americanas estão funcionando a todo vapor e os agentes da CIA e do FBI estão como o diabo gosta.

Bush fez com que o Congresso aprovasse o Patriotic Act, que acaba definitivamente com o mito da democracia americana e impede que qualquer pessoa possa fazer pipi em casa sem correr o risco de ser filmado. Os americanos que usaram armas nucleares na Iugoslávia e no Iraque (os cogumelos são característicos dessas armas) só não conseguiram resolver um problema: o dos gases tóxicos produzidos pela explosão das torres, que continuam fazendo vítimas. Isso é perfeitamente compreensível, pois a CIA não poderia aparecer em Wall Street no dia anterior à explosão, distribuindo máscaras contra gases. Aí seria bandeira demais.

Mas, voltando ao que escrevi ontem: tudo o que relatei a grande imprensa poderia ter escrito nas primeiras semanas após o fato. Não o fez. É patriotismo demais.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

José Saramago - O Caminho de Salomão



Baseado no romance "A Viagem do Elefante" e seguindo a rota portuguesa que José Saramago inventou para Salomão, porque não ficaram registos da viagem real, reencontramos lugares históricos e extraordinários que reclamam um novo olhar. O elefante Salomão é pois um pretexto para percorrer Portugal com um livro nas mãos.

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

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domingo, 5 de setembro de 2010

José & Pilar



Fonte: Canal de FJSaramago

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sábado, 4 de setembro de 2010

Mercedes Sosa - Todo Cambia



Cambia lo superficial
cambia también lo profundo
cambia el modo de pensar
cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
cambia el pastor su rebaño
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Cambia el mas fino brillante
de mano en mano su brillo
cambia el nido el pajarillo
cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
aunque esto le cause daño
y así como todo cambia
que yo cambie no extraño

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Cambia el sol en su carrera
cuando la noche subsiste
cambia la planta y se viste
de verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
y así como todo cambia
que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
por mas lejos que me encuentre
ni el recuerdo ni el dolor
de mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
tendrá que cambiar mañana
así como cambio yo
en esta tierra lejana

Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia

Pero no cambia mi amor...

Postado por: Universae

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fidel pede aos jovens lutarem para evitar uma guerra nuclear



O comandante-em-chefe Fidel Castro assegurou hoje, 2 de setembro, que é possível vencer na grande batalha por preservar o mundo duma contenda nuclear que resultaria em seu fim, e defender o direito de todos os seres humanos a viver.

A ponto de completar-se 65 anos de seu ingresso no ensino superior, o líder cubano retornou à Universidade de Havana, onde, como já ele disse outras vezes e reafirmou nesta manhã, tornou-se revolucionário e descobriu seu verdadeiro destino, e dali instou novamente a governos e povos a salvarem a paz, a vida e o futuro.

"O tempo de que dispõe a Humanidade para travar esta batalha é incrivelmente limitado", advertiu o primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, referindo-se ao perigo real e iminente de outra guerra no Oriente Médio, cujas consequências para o mundo são imprevisíveis e podem ser catastróficas.

Envergando roupa verde-oliva, aos pés do monumento à Alma Máter e perante uma entusiástica multidão que lotou a histórica escada e suas proximidades, Fidel leu sua mensagem aos estudantes universitários de Cuba, que é também um apelo a lutar contra aqueles que impuseram ao mundo um sistema que ameaça hoje a sobrevivência mesma do planeta e da espécie humana.

"Estamos aqui para convencer, dissuadir e evitar uma guerra que fará finita a esperança, para demonstrar que o amor à vida é devoção de todos", afirmou por seu lado a presidenta da Federação Estudantil Universitária (FEU), de Cuba, Maydel Gómez Lago.

"Até o último minuto estaremos exigindo o direito à vida, não queremos morrer desta maneira absurda, queremos tornar realidade nossos sonhos", enfatizou a jovem. E apelando ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu-lhe fazer uso da faculdade que tem de impedir que em poucos dias a guerra seja o drama de todos.

Aos universitários do mundo inteiro instou a aderirem a esta luta e expressou: "Temos o direito de lutar por nosso futuro, temos o dever de construí-lo. Ainda estamos a tempo. Lutemos pela paz, a vida não perdoará que façamos menos".

O diretor da revista Alma Máter, voz dos universitários cubanos, Yoerky Sánchez Cuéllar, falou também, mas em versos, para exigir do inquilino da Casa Branca, não só que não puxe o gatilho, mas também a destruição de todas as armas nucleares.

"O senhor deve escutar Fidel, que não está sendo alarmista e tampouco catastrofista, mas que vê que este mundo pode sumir num segundo se a paz não for conquistada", refletiu em décimas o jovem, também deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular.

"Cá estamos, comandante cá está sua juventude que sente a gratidão de vê-lo tão saudável, de escutá-lo a cada instante, de ler suas Reflexões, de conhecer as razões pelas quais está preocupado e de tê-lo acompanhado nestas novas missões", concluiu.



Vídeo: Tijolaço

Luz é Amor
Amor é Luz
Mara

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